Tenho tanta coisa pra escrever que acabo ficando sem nada, pois falta uma unidade de análise, um objeto bem definido. Aliás, essa é também minha maior dificuldade pra escrever a monografia. Será uma limitação minha? Uma dificuldade de obter foco na vida? De querer abraçar o mundo com as pernas, antecipar um futuro ou retardar um presente? Taí, dificuldade de viver o presente talvez seja uma boa unidade de análise.
Será que é verdade que quem tá fora quer entrar e quem tá dentro quer sair (João das Coves apud dito popular, pág desconhecida)? Essa é a nossa (um estudo científico exige que não usemos a primeira pessoa do singular, por mais que a primeira e única pessoa da pesquisa seja eu mesmo com toda a minha singularidade) hipótese. Sem a necessidade de explanar uma teoria, faremos um estudo de caso único, mesmo porque entender a si mesmo já é uma missão muito árdua, impossibilitando a viabilidade de qualquer tipo de pesquisa com uma amostra mais significativa. Mas também podemos considerar que uma única pessoa traz em si muitas outras que passaram e continuam passando, tornando-a uma amostra relativamente significativa no universo. Gente é gente. Nesse estudo de caso abordaremos a pesquisa-ação-mais-que-integral-e-mais-que-sistêmica, pois o ator envolvido no caso está mais do que comprometido com a participação na pesquisa. Pesquisador e pesquisado confundem-se de uma maneira nunca vista anteriormente.
Primeiramente, trabalhamos com um levantamento histórico, usando como ferramenta única o poderoso Guliver. Dados interessantíssimos foram extraídos, como a vontade de ter aparelho quando muitos dos seus amigos pareciam bonitos com a parafernália nos dentes. Além desse, outros mais esquisitos como vontade-de-ter-óculos e, pasmem, vontade-de-ficar-com-o-rosto-descacado também foram identificados. Algumas outras informações mais sigilosas foram obtidas, mas o respeito e o comprometimento mútuo obtido na pesquisa nos impede de veiculá-las, tendo o entrevistado permitido que disséssemos uma delas: também tinha vontade de ter espinhas, ainda que numa versão light, pois essas representavam a maturidade.
Todos esses dados podem ser confrontados com outros casos, que apesar de não terem sido estudados, fazem parte do conhecimento acumulado do pesquisador e do chamado "senso comum", que representa também o conhecimento acumulado desses que me lêem. Essas experiências mostram que quem usa aparelho e óculos não estão satisfeitos com suas respectivas condições. Podemos dizer a mesma coisa dos quem tem o rosto descascado, que além de reclamarem da aparência, sofrem com a dor causada pelos raios ultravioletas. Os detentores de acne encontram-se na mesma situação destes últimos.
Como já foi falado, não há a pretensão de generalização de uma teoria, mas o diagnóstico desses dados levantados mostra claramente a insatisfação de todos com relação às variáveis abordadas (ter espinha, descascar, usar óculos e aparelho). Outros casos, também não tão bem estudados, podem ser citados apenas com o intuito de gerar uma reflexão ao leitor, como a eterna insatisfação das morenas que querem ser loiras e vice-versa. Isso para não falar das que têm cabelo liso que querem ter o cabelo encaracolado e vice-versa mais uma vez.
Essa primeira parte da pesquisa consistiu apenas no uso da memória para o confrontamento de dados, que por sua vez tem o intuito de gerar uma reflexão sobre os "quereres", deixando o leitor livre para eventuais conclusões. A próxima etapa da pesquisa ainda depende de verbas de tempo que podem ou não ser liberadas pelos organismos responsáveis: o ócio e a insônia.
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