sábado, dezembro 31
Torres Ribeiro
Clara Ana,
Claríssima,
Aníssima,
Claro que é Ana,
Ana que é Clara,
Que clareia,
Que elucida,
Que apaixona.
Clarana,
Serás Ana e Clara
E do mais,
Apenas será
Como a vida a moldar -
Sem idealizações.
Porém, se fores clara
Como a Ana Clara,
Moldarás a vida
E as pessoas que por ti passarem,
Com a claridade de tua alma,
Idealizada por mim, é claro,
Que por mais que tente,
Sou humano.
quinta-feira, dezembro 29
Aprendizado
Procuro na gritaria noturna, mascarada pelo silêncio que chamam de calada, uma pequenina explicação pras doenças da alma e do ego a que todos estamos vulneráveis, mas que poucos querem(os) admitir. Não admissão que agrava o estado clínico, pois a falta de diagnóstico agrava a doença pelo fato de lidarmos com os nossos defeitos da mesma forma doentia e defeituosa que os causaram. Não saímos do ciclo vicioso, não aprendemos nada com o que se passa.
Quero gente, amar gente, largar esse amor platônico e doentio que só sabe idealizar personagens de contos de fadas. Tenho a convicção de que me aceitarei muito mais como gente, ambíguo que sou, quando minhas paixões, amores e até desamores, forem gente ao invés de mocinhos e vilões.
Sim, sentirei falta do amor rasgado, inexplicável, apesar de tentar empalavrá-lo o tempo todo, sem fechar a minha matraca, racional que sou. Foi-me útil por mostrar que o sentimento é meu, direcionável para pessoas diversas, porém específicas.
Mas preciso me desvencilhar do que me foi útil. Quero encontrar pessoas para me aceitar como tal e, quem sabe, parar de escrever bobagem.
quinta-feira, dezembro 22
Mudo
As que não estão mudando talvez seja o eu, que procuro há tanto tempo, nesse emaranhado da vida, que nos confude com o que gostaríamos de ser.
E ser é o que gostaria(mos) de ser.
Eu amo tudo o que foi
A dor que já não me dói,
A antiga e errônea fé
O ontem que dor deixou
O que deixou alegria
Só porque foi e voou
E hoje é já outro dia.
(Fernando Pessoa)
terça-feira, dezembro 20
quinta-feira, novembro 10
quarta-feira, novembro 9
Fato amarelo real
-A minha casa é a mais bonita da vila!
A menininha, sem pestanejar e sendo política e poética ao mesmo tempo, respondeu:
-Não importa, a minha é a mais amarela!
A Origem do Mundo
Muito tempo depois, Josep Verdura, o filho daquele operário maldito, me contou. COntou em Barcelona, quando cheguei ao exílio. Contou: ele era um menino desesperado que queria salvar o pai da condenação eterna e aquele ateu, aquele teimoso não entendia.
-Mas papai - disse Josep, chorando - se Deus não existe, quem fez o mundo?
-Bobo - disse o operário, cabisbaixo, quase que segredando -. Bobo. Quem fez o mundo fomos nós, os pedreiros.
(Eduardo Galeano - O livro dos abraços)
Livro dos Abraços
Recordar: Do latim re-cordis,
tornar a passar pelo coração.
segunda-feira, novembro 7
A imbecilidade humana não tem limites
06/11/05 20:22-Torcedor do Bota morre em confronto com Flamenguistas- jovem de 20 anos é atingido por golpes de foice na serra que liga Volta Redonda ao Rio
Preferia que o flamengo nunca tivesse existido a ler isto.
quinta-feira, novembro 3
Sim, são infelizes
É pra poucos.
Não me sinto mais bonzinho que ninguém,
Apenas mais inteligente
Desfruto do prazer do bem.
sexta-feira, outubro 28
...
Mentirinha branca
Querida,
Tem cheiro de alecrim,
Que eu não conheço,
Mas sei que é assim,
Só porque diz na música
Da Adriana Partimpim.
sexta-feira, outubro 21
quarta-feira, outubro 19
Gotículas
Que embora em terra,
Permanece no céu
Com uma maturidade infantil,
Observando meus espasmos de alegria
- Que o prático desdenharia –
Com a doçura de seu olhar juvenil
E a sapiência da sua mente adulta,
Que luta.
Mesmo sabendo que não passam de espasmos,
Me devota sorrisos dignos de outros espasmos
E me diz do fundo da sua sabedoria de criança
Que são os espasmos que nos dão a esperança
De um dia ver a Cecília e sua lambança
Ter espasmos mais freqüentes,
Que de tão recorrentes,
Deixariam de ser assim denominados.
quarta-feira, outubro 12
Suspiro
Tão cida
Que de tanto apontar a arma
Tomou um tiro
Sem apertar um gatilho
Tão ida
Que foi
Sem ir
Tão vida
Que morreu
De excesso
Tão cesso
Que viveu paralisado
Pelos egos super
Não cesse,
Vá,
Limite-se até o limitável
E suma quando preciso.
sexta-feira, outubro 7
Mas eu quero somar
Sonho não vale.
E sei que mereço
Por motivos diversos.
O resto do que presto
Ainda posso raspar com uma colher
E entregar a ela.
Que coisa louca e complexa,
Viver parece um camaleão metamorfosiático
O que eu fui, sou e/ou serei,
Se confundem com o que sobrou.
É apenas uma conta de subtração.
Um tango pra vocês
Não tornará a ouvir o som dos meus passos
Tem uma revista que eu guardo há muitos anos
E que nunca mais eu vou abrir
Cada vez que eu me despeço de uma pessoa
Pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela ultima vez
A morte, surda, caminha ao meu lado
E eu não sei em que esquina ela vai me beijar
Com que rosto ela virá?
Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?
Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque
Na música que eu deixei para compor amanhã?
Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro?
Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada,
E que está em algum lugar me esperando
Embora eu ainda não a conheça?
Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho
Que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida
Qual será a forma da minha morte?
Uma das tantas coisas que eu não escolhi na vida?
Existem tantas... um acidente de carro.
O coração que se recusa abater no próximo minuto
A anestesia mal aplicada.
A vida mal vivida, a ferida mal curada, a dor já envelhecida
O câncer já espalhado e ainda escondido, ou até, quem sabe
Um escorregão idiota, num dia de sol, a cabeça no meio-fio...
Oh morte, tu que es tão forte,
Que matas o gato, o rato e o homem
Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar
Que meu corpo seja cremado e que minhas cinzas alimentem a erva
E que a erva alimente outro homem como eu
Porque eu continuarei neste homem
Nos meus filhos, na palavra rude
Que eu disse para alguém que não gostava
E até no uísque que eu não terminei de beber aquela noite...
(Raul Seixas e Paulo Coelho)
terça-feira, outubro 4
Tem que ir
Remela no rosto,
Bunda de fora e
Descabelado,
Porque se não for, não vai.
Tem que ir.
sexta-feira, setembro 30
Apesar de tudo...
Lennon e McCartney existiram,
Chico compôs com o Vinícius.
... as quintas feiras estão aí,
assim como as mesas de bar com o Césinha
e o novo, que traz tudo,
apesar de tudo
... somos o que somos,
apesar do que fomos,
já que na verdade sempre somos
um pouco do que fomos.
apesar de tudo,
que não é pouca coisa,
estamos aí...
... sou, quero, amo
....apesar de tudo
sexta-feira, setembro 23
Relatos ancestrais do ano de 2005
A gente se olha, se toca e se cala, mas continua se desentendendo no instante em que fala (Belchior, 1978). Meus velhos amigos continuam novos. As meninas continuam interessantes, apesar da culpa e da modernice exacerbada, chegando ao extremo nas danças em frente à caixa de som. O visual não é acompanhado de atitude. As atitudes ainda vestem calça boca de sino.
Minha mãe continua fazendo aniversário. Eu continuo o mesmo. Não, não, não. Eu ando mudado. Mudado e mudando. Particípio e gerúndio. Ando pensando em sair de casa para uma outra casa, na qual as dificuldades venham a me facilitar as coisas.
Ando pensando em paz. Ando pensando em rede. O mundo continua rápido. As frases continuam curtas, como os cabelos. E as palavras continuam parcas. Ou será que é o impronunciável que continua extenso?
Continuo. E descontinuo. A vida, a história e a música são feitas de ruptura e continuidade. Sou uma ruptura contínua. Envelheço para o novo.
Continuo amando.
quarta-feira, setembro 21
Boçal do bem
O quanto te amo tanto.
Porque tanto é tão grande
Quanto o medo de te perder.
Hoje eu não queria ser boçal
Como estou sendo agora,
Mas tampouco queria ser falso.
Não queria querer tanto
Nem queria temer o quanto
Porque nunca se sabe o quanto é seu
E o quanto é meu.
E essa mania idiota de querer saber
Só completa a boçalidade
Que é ainda agravada pela vontade
Necessidade,
Sei lá o que,
De não ser boçal!
Seu boçal!
terça-feira, setembro 20
Água Viva
“Estava com saudades das novidades do sonho”. No sonho se é e mais nada. E justamente por ser, e apenas ser, me liberto de amarras e me embasbaco muitas vezes ao me deparar com gênios dentro do meu sonho. Gênio por ser, apenas por ser e justamente por ser. É gênio quem é e só se preocupa em ser. Não em ser gênio. Ser apenas. A preocupação de ser gênio não é uma preocupação de ser, e sim de ser gênio.
Ser. Ser (ponto).
“Lembrar-se com saudade é como se despedir de novo”. Prolongamos despedidas quando queremos que nossos “É”s continuem sendo. Queria me despedir das despedidas. Ao invés do sou, vivo no fui. Fui. Quero ir. Quero dizer fui pra ser. Ser. Ser(ponto). Ser um ser. Pra ser um ser, preciso ser. E apenas ser (ponto).
“Violeta diz levezas que não se podem dizer”. É na sutileza que se arrebenta. Prefiro um tapa na cara. A sutileza é uma falsa indiferença. Cruel.
“X – o instante impronunciável”. É impronunciável.
“E eu estava só, sem precisar de ninguém. É difícil porque preciso repartir contigo o que sinto”. Falsa ilusão, humanóides!
A busca para entregar-me aos instantes me faz perder diversos instantes. “Realizo o realizável e o irrealizável eu vivo”. Presença leve. Levíssima. Quero gozá-la.
Vivo. Viva. “Traga-me um copo d´água”. Pode me matar.
(Em aspas, trechos de água viva - Clarice Lispector)
quinta-feira, setembro 15
Caçador de borboletas
O sentimento-mais no instante-tal,
Faz parte de um desespero momentâneo,
De uma ânsia suspirática.
Vem cá, borboleta,
Senta aqui do meu ladinho,
Não é todo dia que vejo um inseto metamorfosiático
Violeta com bolinhas amarelas.
Eu pareço piada de cursinho de inglês!
sábado, setembro 10
Nas lúcidas entrelinhas
E ofereço o que não tenho
Só pra ter o que não ofereço.
Essa história de dar pra receber
É conto da carochinha.
Eu dou pra dar
E recebo pra receber.
Dou por dar
E recebo por receber.
E por perceber,
Que dou o dável,
Quero receber o recebível
sexta-feira, setembro 9
*-mais
E só isso
terça-feira, setembro 6
segunda-feira, setembro 5
Minto que nem sinto
Eu não vivo no passado
O passado vive em mim
(Paulinho da Viola – trecho do documentário “O meu tempo é hoje”)
domingo, setembro 4
Perdidos e Achados
Por tudo que não vivemos,
Por tudo que juntos não aprendemos
E também pelos beijos tantos que não demos.
Por todos os filhos que juntos não criamos,
Por todas as músicas que sozinhos escutamos,
Pelas estrofes que em parceria não escrevemos
E por todas as viagens que ficaram no vamos.
Pela casa que não construímos,
Pelas noites em claro que passamos
E pelas loucuras muitas que não passaram de devaneios,
Eu choro.
Mas transformo as minhas lágrimas em lágrimas,
Porque há lágrimas e lágrimas
E é importante diferenciá-las.
Pois quero que as lágrimas transformadas
Me dêem força
Para encontrar todos esses dias
Em alguma esquina da vida.
sexta-feira, setembro 2
E o bigodão sul-africano canta assim:
With every single beat of my heart
Yes, I was born to take care of you
Every single day of my life
(I was born to love you - Freddie Mercury)
quinta-feira, setembro 1
Desepero em moda
Feito faca
Corte a carne
de vocês.
(A Palo Seco - Belchior)
O pra sempre nunca acaba
Não é assim que tem que ser?
Não? Como é então?
Me ensina aí, pô.
Eu só sei assim e de vez em quando a fome dói,
Uma dor que dói,
Diferente dessas que são apenas subterfúgios,
Essa não é fuga não, dondoca.
Muito pelo contrário,
Essa peca pela demasia.
“I´ve got a felling, a felling deep inside,
A felling that I can´t hide”
E que seja apenas Por Enquanto,
Dizem que na volta pra casa
A fome passa
E não há mais necessidade de esconder nada.
Nem o nada.
Quero poder ser nada de vez em quando,
Estúpido,
Burrinho,
Assumir os meus mais íntimos defeitos,
Minhas maiores limitações
E não precisar mais das máscaras
Porque já to com medo de que uma delas grude.
Quero voltar pra casa.
domingo, agosto 28
Aquilá
ou seria aqui?
Se conta quando escrevo,
é aqui;
Se conta quando digito,
é lá;
Se conta quando eu sinto,
é confuso.
Muitas vezes estou lá,
achando que é aqui,
mas eu sei que é lá
pela falta do concreto.
É aqui no sentimento e talvez na imagem,
mas o físico permanece lá.
E eu quero viver aqui,
por menos bonito que seja,
porque é aqui que se faz o lá.
sábado, agosto 27
Pára Nuca
por mais instantâneos que sejam,
ou tenham sido,
são de fundamental importância na minha vida.
Para sempre lembrarei deles
e juro
nunca mais
colocá-los em questão.
quarta-feira, agosto 24
11 de Setembro
Ser assim.
Eu não,
prefiro assim com você,
juntinho,
Sem caber de imaginar
Até o fim raiar.
(Morena - Marcelo Camelo)
terça-feira, agosto 23
Lambuzados
Porco adora lama!
sábado, agosto 20
Hay que endurecer
Neném.
Com vírgula,
Por favor,
Porque não tem neném,
Mas tem, neném.
Então vem,
Mas vem sem calma,
Porque eu tô que tô,
Querendo uma vinda afoita,
Com direito a roupa rasgada.
Sai da moita
E vem correndo,
Porque já passou das sete
E eu não quero me prender na hora,
Mas quero te prender na hora.
Primeiro o pulso esquerdo,
Depois o direito.
Fique quietinha
E deixa que eu faço o trabalho inicial,
Mas não se acanhe!
Solte as amarras e me ganhe
Com esse olhar de ladinho,
Pedindo com carinho
Pra que eu perca o carinho,
Pero sin perder la ternura.
Seize the day - aceitamos contribuições
“Essa brincadeira de poder continua e você pode contribuir com um verso. Qual será o verso de vocês?”
(Sociedade dos Poetas Mortos)
sexta-feira, agosto 19
Um sonho de verão em pleno inverno
Praias desertas, apesar de lotadas,
Coqueiros repletos,
Porém altos demais.
Biquínis europeus,
Mulheres estadunidenses dançando a Macarena,
Com seus corpos esquisitos.
Desejo de verão em pleno inverno
Se transformou num inferno.
Um inferno interno.
quarta-feira, agosto 17
Habemus Apelido
Esse post é dedicado a MariaClaudiadeAlbuquerqueFarias, apesar de não ter nada a ver com ela. É só pra batizar. Tchothcofla aí pro batismo.
Guerra Declarada
Senhoritas das noites perfeitas,
Hoje, eu queria ter uma bomba ou um flit paralisante qualquer pra poder me livrar bem no último instante das suas frases feitas, das suas noites perfeitas, perfeeeeeeeeitas!
LÁ, SI, LÁ MI, RE, MI...
-Se Sobrá, me dá um pouquinho aí...
-Seu boçal, essa água que desce aí ardendo pela sua garganta não é desinfetante, não vai limpar porra nenhuma aí dentro!
-Gostaria de saber, meritíssimo, porque você usa esse bigode ridículo e se você já sabe que sua queridíssima esposa anda trepando com todo o Júri.
Michelle Ma Belle
Palavras que juntas caminham bem
(Beatle Paul – tradução: Flávio Chedid)
terça-feira, agosto 16
Ser o que ele é e quiser
O seu amor
Ame-o e deixe-o
Livre para amar
Livre para amar
Livre para amar
O seu amor
Ame-o e deixe-o
Ir aonde quiser
Ir aonde quiser
Ir aonde quiser
O seu amor
Ame-o e deixe-o brincar
Ame-o e deixe-o correr
Ame-o e deixe-o cansar
Ame-o e deixe-o dormir em paz
O seu amor
Ame-o e deixe-o
Ser o que ele é
Ser o que ele é
Ser o que ele é
(O seu amor- Gilberto Gil - sob efeito da erva maldita)
Não há dor no Arpoador
Hoje senti um perfume velho vagando na rua. Depois pensei que se fosse tão velho assim como o sentiria a troco de nada? O perfume mesmo velho era novo. Não passou? Passou, mas o perfume ficou. Há sempre um tanto de novo no velho e um tanto de velho no novo.
O Arpoador
.....................Assusta,
Por mais que não haja dor ali.
O Arpoador,
......................É sempre novo
Por mais velho.
...........................O sol nunca se põe no mesmo lugar.
Ou seria impressão minha?
domingo, agosto 14
Com "u" mesmo
Enquanto fudido continuar fudendo fudido a serviço de um fudedor-mor,
Que, aliás, é o único que goza nessa fudelança toda,
Não haverá panelaço que solucione.
Enquanto em todos pequeninos detalhes,
Tirar vantagem for sinal de inteligência,
E apenas o seu vizinho, compadre ou alguém com afinidade próxima
For digno de respeito,
Não haverá indignação digna de mudanças.
Enquanto a indignação continuar sendo dirigida a "eles",
E nunca ao "eu",
E continuarmos vivendo num país de "eles",
Fudeu,
Porque “eles” vão continuar fudendo tudo e botando a culpa em “eles”.
quinta-feira, agosto 11
Dengo d(qu)e re(n)de
Me faz um cafuné,
Que hoje eu quero um dengo molengo,
Daqueles de rede,
Morrer de sede
Pra não perder a posição,
Entrelaçar as pernas
E deixar que elas formiguem,
Me encolher no teu colo
Pra que você me carregue.
Vou no teu embalo sem sair do lugar,
Morro no teu colo sem reclamar,
Digo nomes sem sentido
Pra ver tua reação.
Adoro quando faz essa cara
De quem não entendeu,
Adoro quando encontra um cravo
E me pede pra espremer,
Adoro fingir que não gosto,
Adoro sentir o teu gosto
E também o teu gosto.
Adoro dormir mal ao teu lado,
Todo torto e preocupado,
Só pra te ver acordar de mau humor,
Murmurando palavras em grego
E reclamando do cobertor,
Que eu puxei pra mim.
Vem cá, menina,
Me faz um cafuné
E vamos pensar em nomes
Pra quando o mundo melhorar.
segunda-feira, agosto 8
Tuiuiu
Foi logo ali,
No morro do Tuiuti.
Mesmo em casa,
Vivia ali,
No morro do Tuiuti.
Ali
-No morro do Tuiuti-,
Joguei bola e me casei.
Cai do altar e até chorei.
Confesso que por muito esqueci
Do morro do Tuiuti,
Mas hoje lembrei de onde vim,
Das 7 mulheres da Dona Sebastiana,
Da minha infância regada a brigadeiro,
Dos simples gestos e pessoas que formam uma pessoa.
Modéstia à parte,
Eu vim dali -
Do morro do Tuiuti.
domingo, agosto 7
Amor de fôrma
Pensando em ré menor,
Sei que a vida urge
E não hei de deixar meu blusão de couro,
Que ainda não tenho,
Se estragar no armário.
Será na estrada,
Na maldita e desejada estrada
Que me faz inventar meu próprio ser.
“O amor somente é tão banal”
Tão tão tão, que vem sendo vendido na padaria.
Dizia a menina desesperada: “me vê dez amores franceses, por favor”.
Tão tão tão mais fácil,
Que quando acabava, bastava pedir mais dez.
Ah, maldita mania de falar da praticidade dos outros.
Maldita mania de pensar na complexidade do eu.
Maldito egocentrismo que teima em banalizar o que há de diferente.
Narcisismo idiota!
sexta-feira, agosto 5
Sem dinheiro no banco
Correta, branca, suave, muito limpa, muito leve
Sons, palavras são navalhas e eu não posso cantar como convém
Sem querer ferir ninguém
Amar e mudar as coisas me interessam mais
(Apenas um rapaz latino americano – Belchior)
Dúvida ortográfica
quinta-feira, agosto 4
Astrid
Pensou: “Não seja bobo, isso não é necessário e violões não transam com guitarras. Ou transam?”. Se a guitarra tiver aqueles olhos pode ser que transem, mas esses raios azuis são muito discretos. Pensou que talvez o violão pode ter se apaixonado justamente pela discrição. E também pensou que eles não precisavam estar apaixonados para darem uma trepadinha. Um sexo casual entre um violão e uma guitarra é algo esquisito, porém compreensível.
Retirou-os com um certo cuidado da cama, mas não o merecido. Era tarde, era frio, faltava sensação e queria enfiar a cabeça no travesseiro. Queria esquecer de esquecer. Queria não precisar esquecer nem fazer jogos de palavras pra esconder o real sentido das coisas, que nem ele sabia qual era.
Dormiu pensando que só perde um amor quem ama, ou pelo menos quem amou. Sonhou com raios azuis discretos. Acordou com alguma sensação.
quarta-feira, agosto 3
Sonho não se dá
Quis nunca te perder
Tanto que demais
Via em tudo o céu
Fiz de tudo o cais
Dei-te pra ancorar
Doces deletérios
E
Quis ter os pés no chão
Tanto eu abri mão
Que hoje eu entendi
Sonho não se dá
É botão de flor
O sabor de fel é de cortar
Eu sei, é um doce te amar
O amargo é querer-te pra mim
Do que eu preciso é lembrar, me ver
Antes de te ter e de ser teu
Muito bem
Quis nunca te ganhar
Tanto que forjei asas nos teus pés
Ondas pra levar
Deixo desvendar
Todos os mistérios
Sei, tanto te soltei
Que você me quis em todo lugar
Lia em cada olhar quanta intenção
Eu vivia preso
Eu sei, é um doce te amar
O amargo é querer-te pra mim
Do que eu preciso é lembrar, me ver
Antes de te ter e de ser teu
O que eu queria, o que eu fazia, o que mais
Que alguma coisa a gente tem que amar, mas o quê?
Não sei maaaaaais!
Os dias que eu me vejo só são dias que eu me encontro mais
E mesmo assim eu sei tão bem: existe alguém pra me libertar!
(Condicional - Rodrigo Amarante)
terça-feira, agosto 2
Pessoa Maior
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.
(Fernando Pessoa)
(Grifo dele)
segunda-feira, agosto 1
Há algo além
As gotas de melancolia, a rede que côa as memórias boas, o cheiro de mato...
Desejos bucólicos são desejos de grávida. Aparecem no meio da madrugada, no meio do trabalho, no meio da vida, no meio do fim. Também preciso sair dessa ilha! Preciso ir além, além do que vejo, além do que sinto. Preciso aprender a nadar antes que as gotas alaguem a ilha. E deixar de ser piegas também.
Chove uma chuva fina e triste
Na minha alma
caem gotas de melancolia
Ao me lembrar da alegria
Dos bons tempos idos.
Tudo me adivinha
Nesta hora de garoa.
Lanço minha rede e ela côa
O que chega de mim de memória boa.
Este estado melancólico
É, no fundo, desejo bucólico
De cheiro de mato,
De sítio com galinha, cachorro e pato,
Do perfume de terra molhada.
Vontade de partir dessa cidade ilhada
De erros cometidos pela ganância escrachada -
A fome do desvalido,
O choro bandido,
A cidade dividida
Em banquete e latrina -.
Tudo fere - a menina
Pobre sem escola,
Mais à frente o menino que cheira cola,
O mendigo no passeio pedindo esmola -.
No ermo dos questionamentos meus,
Não consigo encontrar Deus,
Mas, ainda assim, dentro da órbita,
Peço paz ante a constatação mórbida:
Cheiro de mato,
Sítio com galinha, cachorro e pato,
O perfume de terra molhada
E meu amor comigo na estrada
(Paulo Sabino)
domingo, julho 31
um caminho só e só -deixe guardado.
eu quero ver!
o mundo eu sei, não é esse lar.
por onde andar?
eu começo por onde a estrada vai.
e não culpo a cidade, o pai.
vou lá andar.
e o que vou ver?
eu sei lá!
não faz disso esse drama, essa dor.
é que a sorte é preciso tirar pra ter.
perigo é eu me esconder em você...
e quando eu vou voltar quem vai saber?
se alguém numa curva me convidar
eu vou lá!!
que andar é reconhecer
olhar
eu preciso andar um caminho só.
vou buscar alguém que eu não sei quem sou.
eu escrevo e te conto o que eu vi e me mostro de lá pra você.
guarde um sonho bom pra mim!?
(Primeiro Andar-Rodrigo Amarante)
sábado, julho 30
Coração vulgar na espuma do mar
Segue a vida a rolar
Pé na estrada, pó de estrelas
Coração vulgar
Que navega no céu
E navega no ar
Grão de areia a vagar
Caravela, pão e mel
Segue o circo a rolar
Picadeiros, primaveras
Coração vulgar
Que navega no céu
E navega no ar
Grão de areia a viver
Na espuma do mar
E o grão de tão pequeno
Ser tão grande
O que a gente é
Ter esse destino
De pessoa que sonhou...
Que navega no céu
Que navega no ar
Grão de areia a bailar
Lá no fundo do azul
E anda que nem bola
Como a vida
Quando quer brotar
Rola como anda
Que nem fonte de calor...
Barricadas, cordilheiras
Coração vulgar
Que navega no céu
E navega no ar
Grão de areia a vagar
Na espuma do mar
Aventuras, cicatrizes
Segue o mundo a rolar
Diamantes do universo
Coração vulgar
Que navega no céu
E navega no ar
Grão de areia vagar
Na espuma do mar
(A Via Láctea - Lô Borges e Ronaldo Bastos)
quinta-feira, julho 28
Razão Mentirosa
Não,
Com o coração,
Também não,
A solução é não pensar?
Não, não.
Não há solução
Nem pensamento que solucione
O meu coração soluça
E a minha razão nada soluciona
Sem poder ouvir os dois,
Pra quem devo apelar?
Ah, coração soluçante,
Insolúvel, apesar de despedaçado,
Haverá de encontrar uma solução
Antes que a razão solucione.
Porque a razão, na verdade,
Nada Soluciona
Apenas aprisiona um coração soluçante,
Com medo de um piripaque qualquer
Com medo dos soluços,
Que doem até fisicamente
E mente.
terça-feira, julho 26
Mundo verde-escuro
Bebendo água de madeira
Bobeira
Besteira
Não suma
Assuma
O que resta de insumo
Pra esse supra-sumo
É nada mais do que nada
Mais do que nada
segunda-feira, julho 25
Queria que tudo
Tudo que queria era um pouco menos de angústia pra levar os dias. Levá-los com o sossego merecido – para ele apenas -, mas isso nem sempre era possível. Porque ao pensar dessa maneira, se angustiava. Ficava angustiado e ansioso esperando o dia que não seria mais angustiado e ansioso. Chegava a conclusão que a melhor coisa a fazer era se permitir ser angustiado e ansioso, porque assim, ficava angustiado e ansioso uma vez só. Depois pensava que essa era apenas mais uma de suas preguiças, tinha preguiça de deixar de ser angustiado.
Tudo que queria era um pouco mais de paz. Lera por aí que a dor é inevitável, mas que o sofrimento é opcional. Queria poder optar, mas será que não o fazia por preguiça também? Ou seria uma questão ancestral, mal resolvida, psicanálitica, uma dessas coisas que acontecem quando a sua mãe não te deixar chupar o dedo do pé quando se tem apenas alguns meses de vida?
Tudo que queria era parar com essa mania-doida-de-gente de querer explicação pra tudo e levar a vida (e não que ela o levasse), com calma, leveza e paz. Não, nem tanto vai, com um pouco mais de calma, leveza e paz (percebam a diferença). Ou com um pouco menos de atormento (diferente de sem atormento), porque sem um tiquinho disso ia ficar chato também.
Tudo que queria era escrever, seja lá o que fosse, pra soltar o que nem sabia se era o que estava sentindo.
quinta-feira, julho 21
quarta-feira, julho 20
Em busca da terra do nunca
- Ela não existe, ela não existe. Cada minuto, cada sentimento novo, cada microsegundo é uma música diferente. Não procure a música, nem que seja dentro de ti, porque como constatou a Clarice, cada coisa tem um instante em que ela é. O microsegundo que passou era uma música, agora já é outra, que já passou também. É o instante-já da Clarice. O “instante-já” é mais rápido do que o “de repente, não mais que de repente”.
- Impossível, nada é mais rápido do que aquilo. E deixa eu buscar a música. A música, A! Você aí, imitando o meu modo de repetir, também busca suas explicações nos livros. O instante que a Clarice escreveu isso também já passou. Talvez não faça mais sentido, talvez só faça sentido pra alguns, talvez só pra você. Aceite que certos sentimentos já existiram e não me venha com suas teorias ineditistas. Nada é tão novo e eu quero encontrar respaldo, conforto em alguma música. Em alguém que já tenha sentido o mesmo.
- Você quer encontrar conforto pro seu sentimento ou quer encontrar um sentimento já sentido? Porque dessa maneira você não molda sua vida, ou melhor, você a molda baseado em sentimentos alheios, porque assim é mais fácil. Sinta, sinta, sinta, me deixe repetir como você e só sinta. O resto vem. Ou vai. Sentindo vem a sua música, que mudará e moldará. Não tente encontrá-la a não ser que queira apenas uma aprovação pro que sente.
- Talvez seja isso, talvez você tenha razão. Talvez não. Caso sim, qual o problema de buscar a aprovação ou uma experiência parecida? É difícil ser pioneiro, até num sentimento, é difícil admitir isso, mas eu quero, por vezes, saber o que devo sentir. Nossa, que coisa horrível que acabei de falar. Você ouviu? Era melhor ter falado sobre o “caso não” pra evitar atos falhos como esse. Buscar aprovação no que sente é tão ruim assim?
- Só pra você. E é muito ruim pra você. Muito, muito, muito. Acho que só você pode fazer idéia do quanto. É só parar pra pensar no que tem se passado nessa caixola. Reprovação do que sente? Não minta, nem tente dizer que o que sente é demente, pois demente é querer demonizar o que sente.
- Uou, o papo da música tava melhor. Achei, ó só: “apenas te peço que respeite o meu louco querer”. E mais essa frase aqui “apenas te peço que aceite o meu estranho amor”. Viu?
- Vi, é você quem tem que respeitar e aceitar. Só você!Deixa de ser egocêntrico a ponto de achar que as pessoas se preocupam tanto com o que se passa com você. Só você, só você, só você. E eu preciso parar de ficar repetindo as palavras feito um idiota.
quarta-feira, julho 13
Friozão
Meu quarto é úmido e ainda não havia saído de casa
Hoje parecia úmido
Meu quarto é frio e ainda não havia saído de casa
Meu dia frio e úmido parecia triste
É que meu olhar é estreito e limitado
E de tão estreito e limitado pouco me vê
Pouco se vê
Pouco se vê quando não se vê
Pouco vejo quando não me vejo
Fazia tempo que eu não olhava pra mim
Fazia tempo que eu pouco via
Não que agora eu veja muito
Mas, ao menos, vejo que pouco vejo
Esse meu olhar estreito e limitado só podem resultar em dias frios e úmidos
Preciso sair de casa
Sem deixar de olhar pra casa
sábado, julho 9
Passou
Com a incosequente turbulência na minha cabeça,
Eu tava com cheiro de carinho.
Vocês já sentiram cheiro de carinho?
quinta-feira, julho 7
Papos rápidos
Ah, eu falava sobre o que queria saber, mas a música acabou e esqueci o que queria. Agora tô pensando no tempo em que o medo era motivo de choro, desculpa para um abraço ou um consolo. Um abraço de uma coisa sua que ficou em mim é uma cena linda, linda demais. Putz, o abraço de uma lembrança. Que imagem bonita. Coisas que ficam, que não têm fim. Isso é deveras bonito. Ah, desculpa, eu queria falar “deveras” de alguma maneira.
Agora tô vendo tudo enquadrado. Não é a cachaça-com-madeira-dentro-que relutei-contra-mas-não-resisti. É a Adriana aqui no rádio. Ah, que bonito, esse rádio tá tão legal hoje. E eu tô tão bobo. Mas bobo mesmo é o Gonzagão com a Mariana. Chegue aqui minha bichinha, chegue mais, amor. Dê um choro bem cheiroso aqui no seu vovô. E o ciumento do pai: Se o vovô ganhou um cheiro, eu também quero ganhar. Haha, menina de sorte!
Sabe, meu coração, sei lá porque, fica assim, tá vendo? Ih, é versão instrumental!
Mas sabe, a gente fica até sem querer ler jornal. Deprime. Seria medo de perder a inocência? É isso? Mas não tem jeito. São os revides, sabe? Ninguém mais acha que tá errado. Tá todo mundo compensando de alguma maneira a injustiça sofrida. Tá todo mundo querendo pegar a sobra. As pessoas estão vivendo das sobras. É como se todo dia fosse o último dia. Como se não houvesse amanhã? Mas precisa haver amanhã? É burrice, é muita burrice. Será que a gente não percebe? Eu ia escrever: “Será que eles não percebem”, mas tá todo mundo querendo tirar o rabo da jogada e vi que tava fazendo exatamente isso. Será que não percebemos que isso é autoflagelação? Não acredito que haja tanto masoquista!
Mas, deixando o resto pra lá, eu quero a morena dos olhos d’água. Porque apesar de tudo, a vida ainda vale o sorriso que eu tenho pra lhe dar.
terça-feira, julho 5
Festa imodesta
Perdeu o trem das sete
E chegou no meio da festa
O bonde já estava andando, baby
Não se entulhe com suas neuroses e hipocrisias
Ignore o "se" e as conjunções adversativas
Sentimento cancerígeno
Retarda e emburrece
Perdeu o trem pras estrelas
E chegou como um tiro na testa
Cospe o que te atrasa
Escarra o que te emburrece
Deixe a lambança pra ressaca
Porque nessa noite eu quero dançar até as sete
A tempo
Eu te avisei: vai à luta
Marca o teu ponto na justa
O resto deixa pra lá
Deixa pra lá...
Vai à luta...
Porque os fãs de hoje
São os linchadores de amanhã
(Vai à Luta – Cazuza / Rogério Meanda)
quarta-feira, junho 29
Incontrolável
Perco por não me perder
Sinto muito por não sentir
Soluço por não chorar
Peco por não me perder
Perco por não pecar
Sinto por não chorar
Soluço por não sentir
Me controlo por tentar não me controlar
terça-feira, junho 28
Coisa Bonita - De cá pra lá
Eu vi um avião
Se espelhar no seu olhar até sumir
(Adriana Calcanhotto/Antônio Cícero)
sábado, junho 25
A minha
sexta-feira, junho 24
Sem resguardos ou reficofages
Não falaria!
Gritaria,
Cantaria,
Espernearia,
Escandalizaria.
A paixão é um amor mimado
Um amor cantado
Esperneado e
Escandalizado.
Ah, mais que amor bacana!
É Melhor do que caldo de cana!
É melhor do que te imitar
Com essa forma de rimar.
Rimo assim pra te amar
Ou seria por te amar
Mimadamente, esperneadamente, escandalizadamente?
quinta-feira, junho 23
Sorriso de Beata
"Não merece a vida uma lágrima barata,
Pois ela se banca ingrata`
Pelo jeito que a todos trata:
No fim da empreitada,
Cínica, desce a mão fria numa punhalada,
A outra, devagar, afaga com a navalha
E, na face, um sorriso de beata.
Cansaço e doença após tanta batalha,
Puta!, babaca!,
Mãe vil, estúpida e severa quando ralha.
Não merece a vida uma lágrima barata
Pelo jeito que a todos trata:
O fim da empreitada
É, também, o fim da picada."
(Paulo Sabino - A grande cilada)
quarta-feira, junho 22
Friozinho
Pelo resguardo!
Me cobre um dia
Numa noite de lua cheia
Ou numa madrugada fria.
Eu digo,
Proclamo,
Esperneio,
Canto
E até escandalizo.
Só não esqueça de trazer cobertor!
terça-feira, junho 21
Para os práticos
(...)
And people,
Will always make a lover feel a fool,
But you knew I loved you,
We could have shown them all,
But remember this,
Every other kiss,
That you ever give
Long as we both live
When you need the hand of another man,
One you really can surrender with,
I will wait for you,
Like I always do,
There’s something there,
That can’t compare with any other.
(...)
(George Michael - Kissing a fool)
domingo, junho 19
Is there a light that never goes out?
Mas se há uma luz que nunca se apaga, eu não me assusto mais. Já disse e redisse que a gente aprende a dormir de luz acesa.
sábado, junho 18
Minha menininha azul
Sit there, hmm, count your fingers.
What else, what else is there to do ?
Oh and I know how you feel,
I know you feel that you're through.
Oh wah wah ah sit there, hmm, count,
Ah, count your little fingers,
My unhappy oh little girl,
little girl blue, yeah.
Oh sit there, oh count those raindrops
Oh, feel 'em falling down,
oh honey all around you.
Honey don't you know it's time,
I feel it's time,
Somebody told you 'cause you got to know
That all you ever gonna have to count on
Or gonna wanna lean on It's gonna feel just like those raindrops do
When they're falling down, honey, all around you.
Oh, I know you're unhappy.
Oh sit there, ah go on, go on
And count your fingers.
I don't know what else, what else Honey have you got to do.
And I know how you feel, And I know you ain't got no reason to go on
And I know you feel that you must be through.
Oh honey, go on and sit right back down,
I want you to count, oh count your fingers,
Ah my unhappy, my unlucky
And my little, oh, girl blue. I
know you're unhappy,
Ooh ah, honey I know, Baby I know just how you feel
(Lorenz Hart, Richard Rodgers )
quinta-feira, junho 16
Com licença(,) Crica
Amor de sede,
pode ser
desde que seja
Amor(,) que ceda!
Amor(,) que seja!
Amor de seda.
Meia bomba
sentisse apenas metade dos beijos,
ouvisse a Janis pela metade,
cheirasse só meios cabelos
e
cantasse só cadê teu suin?
Qual metade você escolheria?
quarta-feira, junho 15
Só sei que é assim
Bye Bye, Baby Bye Bye
Tristeza querida,
sinto-lhe dizer
que não te amo mais.
Me fizeste companhia,
eu sei,
mas tudo acaba um dia.
Teu amor era egoísta!
Eu sei que a criei,
errei,
Só peço que não insista.
Agora eu parto,
em diversos pedaços,
cada um vai para um lado
e nenhum ao teu encontro.
You know I´ve got a go!
Bye Bye! Baby, Bye Bye.
segunda-feira, junho 13
É
a vida não é pra ser vivida pelo que foi ou pelo que será,
mas pelo que ela é.
E o que ela é?
Não é um pouco do que foi e outro pouco do que será?
Será?
Sim, sim, mas o tanto que ela é tem que ser percebido no "é" e não no "será".
Muito menos temos que viver o "é" como o que "foi".
A vida é o que é. O que é o que é?
Diga lá, meu irmão.
I don´t care if it hurts
Já apresentados aqui,
Procuram alguém que lhes dê pouco trabalho.
Eu,
Fartamente exposto aqui,
Procuro um amor desembestado,
Como um cavalo afobado -
Não me importo se for pangaré -
Acho charmoso até.
Pode ser estabanado,
Amor errado,
Menosprezado,
Amor barato – a mesma referência de sempre.
Pode ter rugas – referência nova –
Verrugas,
Varizes
E celulites.
A sorte de um amor tranqüilo – mais referência -
Não pode ser confundida
Com a morbidez de um pseudo-amor prático.
(Também quero que meu pangaré pare pra beber água)
Amor de sede,
Pode ser,
Só quero que seja.
domingo, junho 12
quinta-feira, junho 9
Ouçam com cuidado e atenção
Não quero sugar todo seu leite
Nem quero você enfeite do meu ser
Apenas te peço que respeite
O meu louco querer
Não importa com quem você se deite
Que você se deleite seja com quem for
Apenas te peço que aceite
O meu estranho amor
Ah! Mainha deixa o ciúme chegar
Deixa o ciúme passar e sigamos juntos
Ah! Neguinha deixa eu gostar de você
Prá lá do meu coração
Não me diga nunca não
Teu corpo combina com meu jeito
Nós dois fomos feitos muito pra nós dois
Não valham dramáticos efeitos
Mas o que está depois
Não vamos fuçar nossos defeitos
Cravar sobre o peito as unhas do rancor
Lutemos mas só pelo direito
Ao nosso estranho amor
(Nosso estranho amor- Caetano)
Coisas dessa vida tão cigana
Não tremem em vão
Deve ter um motivo
Medo ou paixão
Medo da paixão
Ou paixão pelo medo
Seja lá o que for
- Esse pavor ou ardor –
Não lhe deixe causar dor
Beba-o suavemente
Como um taça de vinho
De São Clemente
Só pra rimar
E plagiar
E rimar de novo
Histórias de Minas - Seleta
“Antônio Rodrigues é um homem obstinado, totalmente devotado à cana e ao alambique. Ele é o homem que escuta o cantar do canavial. Ajudado pelo vento e pela fantasia ele percebe que a hora chegou. Hora de moer o milho para a fermentação. Hora de lubrificar a moenda. Antônio vive ao norte de Minas, quase Bahia, numa cidadezinha encravada em um vale árido e quente. Salinas é conhecida por sua cana incrivelmente doce de onde se extrai uma magnífica cachaça, feita por homens que não se dobram à inclemência do clima. Acompanhar Antônio caminhando entre seus tonéis é um privilégio. Ele escolhe a madeira e constrói cada tonel com enorme dedicação, já que de lá descansa a sua incrível cachaça, que serve orgulhoso. Das fazendas Olaria e Sobradinho saem as cachaças que se tornaram símbolo da região. Esperamos que ao provar a cachaça de Antônio você possa lembrar que nos confins do nosso país existem pessoas tão especiais como o homem que escuta o canavial”.
quarta-feira, junho 8
domingo, junho 5
Mais Carteiro e o Poeta
Eu deixarei de amar você pouco a pouco".
(Pablo Neruda)
O Carteiro e o Poeta
"A poesia não pertence a quem a escreve, mas àqueles que precisam dela". (Frase do carteiro)
sábado, junho 4
Cecília
Num dia desses de lembranças, permitiram às lágrimas, rolar (ou era só ele que não permitia normalmente?). Olharam-se de lado e pensaram: “eu sei que a gente se ama muito, é que, às vezes, é preciso resistir pra que andemos com nossas próprias pernas” (será que foi só ele que pensou isso?).
Foi uma declaração à distância, uma declaração pelo olhar. Não foi preciso um beijo ou um abraço. Os olhares cansados e marejados disseram: “eu te amo desse jeito, não preciso fazer estardalhaço” (porra, será que foi só ele que pensou isso tudo?).
Ela sabia tudo que ele pensava, mas tudo mesmo, inclusive esses pensamentos tolos sobre a unilateralidade. Pensou e pensou tão alto que ele ouviu: “te olho, te guardo, te sigo, te vejo dormir”.
sexta-feira, junho 3
Nobody Knows
"Amanhã ninguém sabe
Traga-me um violão
Antes que o amor acabe
Amanhã ninguém sabe
traga-me uma morena
antes que o amor acabe
(...)
Eu quero cantar o amor
antes que o amor acabe"
(Amanhã Ninguém Sabe)
Mas eu digo venha
"Eu não sei dizer
o que quer dizer
o que vou dizer
eu amo você,
mas não sei o que
isso quer dizer".
(Zeca Balero - Lenha)
terça-feira, maio 31
Poema em Linha Torta
Me diga:
O que que se faz com o desfeito?
Com o imperfeito?
Com o teu jeito?
O que que se faz com o defeito?
Me diga:
Onde ficam escondidos os defeitos dos perfeitos?
Ah, os perfeitos!
Será que só Pessoa que era vil, mesquinho e infame?
Vai, me diga:
Será?
Onde está?
Cadê o teu preconceito,
Teu pensar estreito,
Tua bunda de fora?!
Mostre, vai!
Sentirá-se melhor.
E eu também!
Sábia e Reflexiva Dona Uda 2
"Caramba, bem que eu percebo que algumas pessoas são bem parecidas com macaco. O filho do Miltinho é igualzinho a um miquinho".
Be Atriz Intrépida
Olha, olha! Será? Será que o tempo passa? Será que eu posso não andar com os pés no chão? Será que é divina? E se ela um dia despencar do céu? O que fazer com os pagantes? O que fazer comigo? Me leva pra sempre, vai. Me leva nessa máquina do tempo. Será que o tempo realmente passa? O tempo como grande estrela no anfiteatro, modelando o artista ao seu feitio com seu lápis impreciso" (O tempo e o artista).
“Sim, me leva para sempre, Beatriz
Me ensina a não andar com os pés no chão
Para sempre é sempre por um triz
Diz quantos desastres têm na minha mão
Diz se é perigoso a gente ser feliz”.
(Beatriz – Chico na voz do Milton)
sábado, maio 28
Ué 2
- O que?
- Pô, quero treinar o time mirim lá da comunidade.
- Por quê?
- Pô, lembra do Gabina, cara? De como a gente gostava dele?
- Sim, lembro.
- Pois é, quero que aquela garotada goste de mim daquele jeito.
- Mas isso não dá dinheiro. O Gabina não recebia nada.
- Não?
- Não, ué.
- Porra, cara. Você tá sempre estragando meus planos com os seus "ués". Ainda te enforco nessa gravata aí!
quinta-feira, maio 26
segunda-feira, maio 23
Com sotaque
ficava Potora,
Poconhoncas do abacate,
Potora da amora.
Em Piritina, perdeu as botas,
em Potora, as meias,
em Poconhoncas, as veias,
em Jubiruba, as teias.
Teias de aranha,
cidade chafariz,
o povo jubirubense
só pretende ser feliz.
Feliz no chafariz,
chafariz que vem de cima,
versos infantis,
com pingos que molham
os cabelos e o nariz.
A luz de gás néon,
mergulhada na água com açúcar,
dá o tom.
A pedra machuca,
a onda relaxa.
Relaxa tanto,
que queria ser onda
pra fazer relaxar,
apesar da turbulência.
E lá de cima, os aviões avistam os navios.
Ou seria o contrário?
domingo, maio 22
Ué
- Estou começando minha vida profissional.
- Ah, é? Em que?
- Flanelinha.
- Flanelinha?
- É, flanelinha. Dá dinheiro.
- Ahh..
- O que foi?
- Nada, ué.
- Ué porquê?
- Ué, só falei ué.
- Ihhh, falou ué mais duas vezes. Qual o problema?
- Nada, ué.
- Porra, vai tomar no cú com o seu ué! O que você anda fazendo?
- Tô trabalhando naquela empresa de computação.
- Ah é, de gravata?
- Não, não. Normal.
- Normal como?
- Normal, ué.
- Porra, vai se fuder! Ué de cú é rola!
sábado, maio 21
sexta-feira, maio 20
Apple Pie
em tortas de maçã,
por portas sem maçanetas.
Linhas tortas maçantes!
Linhas porcas traçantes!
Rastejantes, humilhantes,
deploráveis, infindáveis.
Novas linhas marcantes,
esperando a esperança
que resta na lembrança.
Lembrança de criança.
Linhas novas cativantes!
terça-feira, maio 17
Don´t leave me cry
“Don´t leave me high, don´t leave me dry”. “Kill yourself to never ever stop”. "She tastes like the real thing, my fake plastic love". "If I could be who you wanted all the time..".
Acho que esse desejo esdrúxulo surge da vontade de prolongar alguns momentos da vida como em um falsete. Falsete real. A interrupção abrupta que, por vezes, é falsa. Prolongamentos, como em falsetes, seriam mais reais, acho eu. Em certos casos. Ahhhhh....
sexta-feira, maio 13
Sintoniza aí!
O trecho abaixo se repete na música, mas gostaria de deixar claro que me refiro à parte em que a Montserrat canta e o Freddie Mercury repete o que ela diz, parecendo bastante com as traduções do “Good Times 98”.
Que voz! Caralho voador!
How can I go on
From day to day?
Who can make me strong in every way?
Where can I be safe?
Where can I belong
In this great big world of sadness?
How can I forget
Those beautiful dreams that we shared?
They're lost and they're no where to be found
How can I go on?
(Freddie Mercury)
quinta-feira, maio 12
Idéias Cazuzianas
o parto da parida e o parto da partida!
terça-feira, maio 10
Poema Velho
meu canto
quer um colo
pra deitar.
Me encanto,
enquanto
controlo
esse lugar.
Sem manto,
nem santo,
peço um tango
pra dançar.
Seu pranto
diz tanto,
que me espanto
em pensar
Seu mudo,
diz tudo,
contudo
já não dá.
domingo, maio 8
Lá na Coppe...
Agora, duvido ainda mais de quem quer fazer isso usando a calça acima do umbigo. Aí não dá, sai de casa!Larga os livros! Ajeita essa calça!
sexta-feira, maio 6
Criança Esperança 2005
So far away from me
Tão próxima de mim
So close to me
Não faz idéia do quanto
do tanto
no manto
esperanto
esperança
criança
lambança
matança
Na central
deu no jornal
morreu
escafedeu-
se
sê
criança lambuzada
matança esperada
ou seria esperançada?
Imaginada?
Imaginem só
nenhum paraíso, nenhum inferno
Muitos Lennons!
Sem matanças esperadas
só crianças lambuzadas
terça-feira, maio 3
No butecão da feira:
todos esses que aí estão
comendo salmão e tomando vinho,
eles passarão...
eu frango à passarinho!
segunda-feira, maio 2
Precisa-se de um novo
"Se há um deus que regula o futebol,
esse deus é sobretudo irônico e farsante,
e Garrincha foi um de seus delegados
incumbidos de zombar de tudo e de todos, nos estádios.
Mas, como é também um deus cruel,
tirou do estonteante Garrincha
a faculdade de perceber sua condição de agente divino.
Foi um pobre e pequeno mortal
que ajudou um país inteiro a sublimar suas tristezas.
O pior é que as tristezas voltam,
e não há outro Garrincha disponível.
Precisa-se de um novo, que nos alimente o sonho."
Carlos Drummond de Andrade
sábado, abril 30
O grande picadeiro - certezas e incertezas
- Que medo é esse, rapaz?
- Não sei, não sei. Talvez seja desculpa pra um abraço ou um consolo.
- Consolo? De quem? Você precisa disso? Um abraço eu te dou, pô.
- Sim, claro. Seu abraço é sempre bom. Mas a gente valoriza pouco o que a gente já tem, né? Desculpa dizer isso, mas talvez precisasse de um abraço que não tenho como certo, entende?
- Tá, vou te dar menos abraços daqui pra frente.
- Você entendeu o que quis dizer, porra!
- Sim, entendi. Mas o tal abraço é de alguém específico?
- Sim, de alguém que não tenha como certo.
- Porra, agora você que tá de palhaçada. Você entendeu a minha pergunta!
- Não sei, não sei, talvez. Me sinto tão idiota.
- Também sinto isso a seu respeito. E que papo era aquele de consolo?
- Porra, pára de me lembrar as merdas que eu digo. Me sinto ainda mais idiota.
- São dessas que você tem vergonha que você precisa lembrar, falar.
- Por quê?
- Escondem algo.
- Pára de se fazer de entendido da vida. Você e suas fórmulas, lógicas, certezas.
- É, mas a gente precisa delas. Dá medo não ter nada como certo.
- Agora é você que tá com medo? Medo das coisas incertas? Largue suas certezas, meu caro.
- Agora eu que estou me sentindo um idiota.
- Também sinto isso a seu respeito nesse momento. Engraçado que me sinto melhor depois da sua insegurança revelada.
- Escroto.
- Eu sei, eu sei. Não conseguimos viver sem nenhuma certeza mesmo, mas os maiores prazeres da vida vêm das coisas incertas, inesperadas. Não é?
- É, eu sei. Mas não dá pra esperar algo inesperado. Isso angustia.
- A falta de certezas?
- A falta de perspectiva.
- A falta de certezas, é a mesma coisa.
- Tá, e daí?
- Agora eu que me farei de entendido da vida e te garanto que você pode esperar por algo inesperado.
- Mas quando?
- Porra, aí você quer muito. O inesperado não pode ter dia certo. Seria esperado.
- Você gosta das coisas incertas, né? O meu abraço, dito “certo” por você, não tem o mesmo valor.
- Deixa de ser melodramático, porra. Aquilo foi uma frase momentânea. Se não tivesse o seu abraço, sentiria muita falta. Como posso sentir falta de algo que tenho, porra!
- Você precisa sentir falta das coisas?
- É, parece que sim. Que idiota que sou, mas o que posso fazer?
- Ria, ria de si mesmo. Ria de mim mesmo. Isso aqui é um grande circo mesmo.
- Boa, sinto você menos idiota agora. Me dê um abraço.
- Mané!
quinta-feira, abril 28
Cesarceando
de 1979
nasceu o menino
que quando pede
chove
No dia 28 de abril
ao invés de chorar
ele riu
Riu da cara do médico
que não entendia
porque naquele dia
a galera aplaudia
Aplaudia da geral
com o anúncio do placar
que voltou a funcionar
só pra avisar
Que no dia 28 de abril
nasceu o Sarcé
filho do Maraca
neto da Marica
terça-feira, abril 26
Olê Olá
Um grito preso,
Uma chuva de meses,
Uma música triste.
Morde,
Berra,
Molha,
Chora.
Outro ranger de dentes,
Um grito solto,
A chuva no corpo em riste,
Outra música triste.
Trinca,
Geme,
Goza,
Bebe.
Beba a música.
A dor morreu de velha
E na estranha falta dela,
Chore.
segunda-feira, abril 25
Vida líquida em liquidação
Não possuem forma própria?! O Seu Aurélio não levou em consideração os líquidos transbordantes e lacrimejantes que saem dos olhos humanos e representam as suas vulnerabilidade e liquidez. Qual seria o recipiente que os contêm? Depois de transbordarem talvez o ar, o chão, o pedaço de papel, o teclado do computador.
Mas e os líquidos transbordantes que não transbordam? Falo dos que têm potencial para tal, mas não o fazem por circunstâncias diversas, como a falta de coragem ou a falta de oportunidade. Será que esses também podem ser considerados líquidos transbordantes? Talvez, sim, só não são líquidos transbordados. São líquidos somatizados, talvez.
Bom, tô perdendo o foco que na verdade nunca tive. Mas estava tentando argumentar que alguns desses tais líquidos transbordantes possuem forma sim. Muitas vezes possuem até endereço, rg e cpf. Outros talvez não possuam mesmo, mas não acredito que tomem a forma dos tais recipientes que nem sei quais são. Digamos que seja o teclado do computador. Não consigo imaginar um líquido transbordante humano com formato de teclado de computador.
Bom, isso não interessa. Líquidos transbordados, líquidos liquidados representam a liquidez humana. A capacidade de transformar ativo em dinheiro?! Não, Aurélio, liquidez no sentido molengo da palavra. Representado talvez a tentativa humana de se adaptar aos recipientes que os contêm. Terra dura, coração mole. Líquidos liquidados na tentativa de tornar a terra menos dura ou o coração menos mole. Ou então de fazer com que o coração mole sobreviva na terra dura, que no caso é o recipiente que nos contêm.
Ah tá, entendi, Aurélio, a primeira definição até que fazia sentido.
quarta-feira, abril 20
Why don´t we do it in the road?
riram,
observaram,
congelaram,
flagraram
e
perceberam o que acontece
quando aquele menino adoece.
Fica com uma cara de bobo,
um sorriso maroto,
um olhar idiota,
uns pensares banais.
Pensa em pular de pára-quedas,
transar em via-pública,
ouvir roupa nova
e gritar pra todo mundo ouvir.
Quando acaba, diz que não quer mais,
que igual aquele nunca mais será,
diz que só quer paz
e que aquele olhar idiota ninguém mais verá.
Quando retorna, parece que não foi,
parece que ali sempre esteve
e que a volta dessa cara de bobo
faz parte de sua vida.
Trata-se de um problema clínico,
cíclico,
que aquele menino cínico
cisma em dizer que é amor.
sexta-feira, abril 15
Versos Escaralhados
Minta, mas não revide.
Acredite, Cazuza existe.
Rime, mas nem tanto.
Seja o que não foi,
Quando queria e não podia,
Quando podia e não queria
Queira quando quiser,
Possa quando puder.
Respeite os versos verdadeiros
Por mais cretinos que sejam.
Descubra-os,
O que é o mais difícil
No meio desses edifícios
Encontram-se embaralhados,
Escaralhados, amontoados.
Cabendo a você e somente a você
Desescaralhá-los.
PS: Cris, o verso "rime, mas nem tanto" eu roubei de você. Achei bom. Podia?
quarta-feira, abril 13
Entrega
Quando eu abrir minha garganta, essa força tanta. Tudo que você ouvir esteja certa, estarei vivendo. Veja o brilho dos meus olhos e o tremor nas minhas mãos. E o meu corpo tão suado, transbordando toda raça e emoção. E se eu chorar e o sol molhar o meu sorriso, não se espante, cante, que o teu canto é minha força pra cantar.
Quando eu soltar a minha voz, por favor, entenda, é apenas o meu jeito de viver o que é amar.”
(Gonzaguinha-Sangrando)
Caralho! Caralho! Caralho voador! Que música bonita, que cara foda!
Putz, que inveja, como eu queria ter escrito essa música, sobretudo a última frase. É tão sincera, poética e de uma humildade sem tamanho. Não há definições sobre o amor, é exatamente isso, há formas de amar, ou melhor, formas de viver o que é amar. Puta que pariu! Tô desbocado mesmo!
E o nome da música é perfeito. A música sangra, essa música sofre, nega meu post anterior. Essa é uma música que sofre! E ao mesmo tempo liberta. Ela sangra e grita: “ Puta merda, não me venha dizer o que é amar”.
Salve, salve Gonzaguinha!
segunda-feira, abril 11
Somos uns manés mesmo!
Os homens são muito bobos, né?
Procurei, vasculhei, pensei e não encontrei uma música cuja compositora tenha dado o nome de um homem. A única que encontrei foi Maurício, música 8 dos quatros estações. Feita por um homem para um homem.
Essa mulherada não tá com nada!
domingo, abril 10
Hoje eu queria ser uma música
Egoísta? Sim, sim, muito. Eu e as músicas. As músicas são muito egoístas e ninguém cobra nada delas. Muito menos elas mesmas, músicas não têm superego.
Então, queria ser uma música pra poder ser egoísta sem que me cobrassem nada. Ou melhor, sem que me cobrássemos nada. Ficou claro isso? Acho que não, mas as músicas também não têm essa preocupação, não precisam ser claras, podem ser escuras também. A vida de música é muito boa, cara. Elas não precisam trabalhar, não precisam ser complexas, não têm superego, podem ser egoístas, escuras e ainda por cima ninguém cobra nada delas. Hoje eu queria ser uma música e não me preocupar com as interpretações. Ninguém culpa uma música por ter interpretado algo. No máximo o compositor, mas a música fica lá, intocada. Porra, vida de música é muito boa.
Hoje eu queria ser uma música, mas não uma música de um compositor só, sabe? Queria ser uma música composta por muita gente, porque essas músicas de um pai ou mãe só são muito mimadas.
sábado, abril 9
Monólogo
Como assim qual?
Aquela! Aquela que falava de como as coisas se esvaem..
Não lembra?
Pena...
Deixa pra lá. Era bobeira.
Onde?
Na rede.
Qual rede?!!!
Não, claro que não é na Internet. Uma rede de verdade.
Também não lembra?
Pena...
Não, não se preocupe, nem precisa se desculpar. Pena pra você, não pra mim.
domingo, abril 3
Amor mimado
Racionalizava, mas não resolvia. Continuava tentando fazer que enxergassem por meio de palavras. Não era possível. Suas palavras não poderiam ser belas como tão fina flor. Precisava fazer com que a vissem. Não haveria erro. Diante de tamanha beleza e doçura não exitariam.
Pois exitaram. Não enxergaram o sorriso doce, dissimulado, escondendo uma inocência já vivida. Não perceberam o olhar, que fingia ser sério para tentar disfarçar a beleza que a vida a ela reservara. Não podia esbaldar, tão próxima a tamanha miséria e mesquinhez, todo o seu talento.
Mesmo quando ela não dissimulava – ele a conhecia bem - não conseguiam perceber que o que dizia era a mais pura verdade - a beleza da vida materializada. Não, não. Simplificavam tudo, racionalizando com seus estúpidos métodos de conhecer a vida e as pessoas. Eles não sabiam nada porque não sabiam nada. Entenderam? Nunca souberam nada. E não saber nada implica em não saber nada. Isso só muda se um dia souberem alguma coisa. E se vocês guiarem-se pela lógica formal, perceberão que eles nunca saberão nada. Entenderam?
Deixa pra lá, o que importa é que percebera que só ele a via como era. A via como merecia. Ninguém mais. Não queria terminar com um ditado popular, nem na forma, muito menos no sentido. Nenhum preconceito, apenas piegas demais. Mas tivera a certeza de que apenas seus olhos eram capazes de enxergar o óbvio. Óbvio apenas para ele. Seus olhos viam e de tanto ver, tornaram-se tão doces como o olhar cruzado, dissimulado, doce, com a inocência já vivida escondida. Reteve toda aquela beleza e não se satisfez. Achou que seria capaz acumular mais e mais e mais e mais....Achou, amou, mimou, quase sinônimos tratando-se de amor-mimor platônico.
domingo, março 27
quinta-feira, março 24
Nem tão leve
Eu levo a carteira de identidade
Uma saideira, muita saudade
E a leve impressão de que já vou tarde
(Mais Chico - Trocando em Miúdos)
quarta-feira, março 23
Trechos
(Chico- Lágrima)
Pensou que eu não vinha mais, pensou(?) *
Fechou o tempo, o salão fechou(?)*
Mas eu entro mesmo assim
(Chico - De volta ao samba)
*Idéia do parentêses copiada do teimosa aqui
E assustada eu disse não(...)
(...) Se instalou feito um poceiro dentro do meu coração
(Chico - Teresinha)
E antes que eu dissesse não
(idem, porém merece estar destacada)
Quem não a conhece, não pode mais ver pra crer
Quem jamais a esquece, não pode reconhecer
(Chico - Quem te viu, quem te vê)
Você só dança com ele e diz que é sem compromisso
(Chico - Sem compromisso)
Pois se jura, se esconjura
Se ama e se tortura
Se tritura, se atura e se cura
A dor
Na orgia
Da luz do dia
(Chico - Basta um Dia)
Arrasa o meu projeto de vida
(Chico- A Rosa)
Com outros homens, ela só me diz
Que sempre se exibiu
E até fingiu sentir prazer
Mas nunca soube, antes de mim
Que o amor vai longe assim
(Chico-Aquela Mulher)
Te perdôo
Por fazeres mil perguntas
Que em vidas que andam juntas
Ninguém faz
Te perdôo
Por pedires perdão
Por me amares demais(...)
(...) Te perdôo por te trair
(Chico-Mil perdões)
Agora era fatal que o faz de conta terminasse assim
(Chico - João e Maria)
domingo, março 20
Baby, We can change the world
Quanto ao Oscar, já passei dessa fase, sabia? O que me estimula não é mais o prêmio, e sim poder usufruir das vantagens de viver num filme bonito. Um filme bonito pra caralho. Essa vai ser a minha recompensa, essa vai ser a nossa recompensa.
Não vamos esperar o grande momento pra mudar não, não há o grande momento. Há grandes momentos! Vamos mudar a partir de agora, nas pequenas coisas, nas pequenas atitudes, nos abraços, nos sorrisos e até nas lágrimas. A gente muda o mundo com as nossas lágrimas, eu acredito nisso!
Há por toda a parte demosntrações de sentimentos incríveis. Músicas, filmes, conversas. Por que não são eles que ficam?
Sabe qual é a minha hipótese? Eles não ficam porque estamos sempre revidando as porradas que tomamos, que por sua vez, são revides também. Ninguém mais sabe quem começou tudo isso, não há mais um executor. Há apenas porradas sendo rebatidas. Precisamos parar de rebatê-las. Não, não seremos manés por isso. Precisamos ser mais espertos, meu caro. Acho que você já assimilou isso bem.
Precisamos tomar todo o cuidado, mas todo o cuidado mesmo para não embrutecermos. Não podemos perder a ternura nunca. Essa é a mudança. Não revidaremos, não há uma guerra, acho eu. Não acredito mais nessa guerra, acho que estão todos revidando o tempo todo, lutando contra inimigos invisíveis. Não adianta eliminá-los, seria uma auto-destruição, entende? Precisamos mudar o dia a dia e acho que isso você já faz bem, precisamos de mais pessoas que pensem e ajam assim. Confesso que ainda tenho um longo caminho a percorrer, o revide, por vezes, é automático.
Vamos usar nossa razão, racionalidade segundo os fins. Os fins não justificam os meios, os meios influenciam os fins, não dá pra dissociá-los. A utilização dos meios são justificadas pelos fins almejados. Queremos ternura, ajamos com ternura. É simples, racional. Por vezes não a receberemos de imediato, é um trabalho a longo-prazo que os seus e meus filhos e netos devem continuar.
Um abraço, se cuide, aja duas vezes antes de pensar, como sugeriu o Chico. E que não embruteçamos nunca!
quinta-feira, março 17
O Quatrilho
e
quatro noites
de quatro
no quarto quadrado.
Chorando pela quarta vez
por conta da quarta mulher
que há quatro dias
o deixara de quatro.
Lembrou, porém, que na quarta passada
ele que a deixara de quatro
no quarto quadrado
e que
ela, na quarta vez,
desejou ficar de quatro
por mais quatro dias e quatro noites
Ele, um cara quadrado,
logo esqueceu
do que acontecera quarta no quarto
e voltou a ficar de quatro por mais quatro dias e quatro noites.
sexta-feira, março 11
Para (Na)Ty
Para males,
Por favor,
Não te abales,
Não me peça,
nem me impeça
de dizer-te
o mínimo
possível, cabível, publicável.
Para bens,
Para males,
Parabéns!
quarta-feira, março 9
Lógica Nebulosa
Ela acende e eu apago.
Ela mente, eu trago.
Ela leva e eu pago.
Ela acredita, eu não.
Ela duvida, eu sim.
Pede passagem, pois não.
Pede que eu pare,
enfim.
Eu levanto, ela deita.
Ela reclama, eu rio.
Fico elétrico, esqueça.
Ela quente, eu frio.
Eu acordo, ela dorme.
Ela sonha, eu também.
Sonhos diferem
conforme
o portanto e o porém
Ela conclusiva, eu adversativo
Ela esquecitiva, eu lembrativo.
Ela desce, eu afundo.
Mas no fundo,
eu vivo.
quinta-feira, março 3
Ode às nucas
Tantos discos dos Beatles pra ouvir,
tantos e tantos sentimentos pra sentir,
tanta besteira pra fazer,
tanta Magnífica pra beber.
E ele pensava no nunca,
no nunca mais da nuca.
Bela nuca, aliás,
que, entretanto, ficou pra trás.
Que garoto tolo,
Não sabe que nucas são iguais
e acaba por admirá-las demais
I need a fix cause I´m going down
Dê passagem à nuca escondida pelos cachos negros,
bem delineada pela pele escura,
pois depois de descobrí-la,
perderá essa fissura.
Fissura já fissurada,
esgotada, atrasada,
desmantelada.
Dê passagem aos olhos verdes,
à pele macia com sabor de chocolate dissolvido na boca,
ao olhar vesgo,
à voz roca.
When I hold you in my arms
and I feel my finger on your trigger
I know nobody can do me no harm
E, assim, perceberá
que as nucas são iguais
algumas menos, outras mais.
O que mudará será a forma que as verá.
Because happiness is a warm, yes it is, guuuuunnn!
segunda-feira, fevereiro 28
O mundo é vasto e eu ainda não conheço tudo do Gonzaguinha
E essa vida da gente gritando que não
(Gonzaguinha - Grito de Alerta)
sábado, fevereiro 26
Ok, Let it Be
Your day breaks, your mind aches
You find that all the words of kindness linger on
When she no longer needs you
She wakes up, she makes up
She takes her time and doesn’t feel she has to hurry
She no longer needs you
And in her eyes you see nothing
No sign of love behind the tears
Cried for no one
A love that should have lasted years!
You want her, you need her
And yet you don’t believe her when she said her love is dead
You think she needs you
And in her eyes you see nothing
No sign of love behind the tears
Cried for no one
A love that should have lasted years!
You stay home, she goes out
She says that long ago she knew someone but now he’s gone
She doesn’t need him
Your day breaks, your mind aches
There will be time when all the things she said will fil your head
You won’t forget her
And in her eyes you see nothing
No sign of love behind the tears
Cried for no one
A love that should have lasted years!
(For No One)
sexta-feira, fevereiro 25
This is called stay
It's quiet and there's no one around
Just the bang and the clatter
As an angel runs to ground
Just the bang and the clatter
As an angel hits the ground
Stay and the night would be enough
quinta-feira, fevereiro 24
Who´s Next?
Tome cuidado,
pois qualquer dia entorna.
Quer que eu seja igual a você?
E os sentimentos?
Cadê?
Quer removê-los feito móveis?
Eu respeito,
mas, hoje, os meus são imóveis.
Não sorria por obrigação,
pois rir de tudo é desespero,
não?
Nem fique triste por favor ( não há vírgula antes do "por"),
porque isso é desesperador
e nem seria um favor.
Encontre-se da maneira que for,
é o que importa,
lhe aviso quando passar a dor.
Fico assim sem você,
lembra?
Pra quê?
Todos falam do tempo,
e eu não entendo,
acho que o relógio também está de mau comigo.
Sabe qual é o meu pior castigo?
Querer sem poder
ser seu amigo.
Lembra da música?
O que ela dizia
e repetia?
Ainda há fotos,
ainda há o seu perfume,
ainda há você na minha cama,
ainda sinto seu cheiro dentro de um livro,
ainda sinto você nas paredes do meu estômago,
na minha boca,
na minha voz roca,
no meu andar torto,
em filmes.
Nada ficou no lugar, menina,
da próxima vez,
você me ensina.
quarta-feira, fevereiro 23
Umas e Outras
não dá muita importância, não
pois já forjou o seu sorriso
e fez do mesmo profissão
O acaso faz com que essas duas
que a sorte sempre separou
se cruzem pela mesma rua
olhando-se com a mesma dor
segunda-feira, fevereiro 21
Não?
Um homem também chora (Gonzaguinha)
Um homem também chora
Menina morena
Também deseja colo
Palavras amenas
Precisa de carinho
Precisa de ternura
Precisa de um abraço
Da própria candura
Guerreiros são pessoas
Tão fortes, tão frágeis
Guerreiros são meninos
No fundo do peito
Precisam de um descanso
Precisam de um remanso
Precisam de um sono
Que os tornem refeitos
É triste ver meu homem
Guerreiro menino
Com a barra de seu tempo
Por sobre seus ombros
Eu vejo que ele berra
Eu vejo que ele sangra
A dor que tem no peito
Pois ama e ama
Um homem se humilha
Se castra seu sonho
Seu sonho é sua vida
E a vida é trabalho
E sem o seu trabalho
Um homem não tem honra
E sem a sua honra
Se morre, se mata
Não dá pra ser feliz!Não dá pra ser feliz!
quinta-feira, fevereiro 17
segunda-feira, janeiro 3
OS LivroS
Já ouvi comentários de que a psicologia não era aceita na Rússia comunista por ser considerada uma ciência (?) burguesa. Entendo que esse argumento acredita que tratar o indivíduo desconsidera o social. Bom, espero que os que entendem mais do assunto do que eu, corrijam o que vou falar agora.
Não acredito que o indivíduo possa pensar no social sem resolver suas angústias, medos, ansiedades, ou seja, compreender sua individualidade na sociedade. “Os Sonhadores”, filme em cartaz, me fez pensar que enquanto não entendermos que nos implicamos em todas as nossas decisões, enquanto não desmistificarmos a falácia do altruísmo, enquanto não conhecermos nossas limitações, nunca pensaremos no social de uma maneira sincera e objetiva. Não tenho a intenção aqui de sugerir a eliminação da subjetividade, nem da racionalização das emoções, dos sentimentos. Apenas gostaria que estes não fossem meros artifícios para alimentação do nosso próprio ego.
(Não consigo enxergar com clareza o limite entre a subjetividade e a objetividade. Alguns dizem que tenho a tendência a racionalizar demais, e eu, por vezes, concordo. Mas nem sempre sabem o que se passa aqui dentro. A racionalização pode ser apenas um artifício que uso para conter minhas emoções, colocá-las em limites definidos, como em uma caixinha, de tal forma que eu possa observá-las, manipulá-las, colocá-las de cabeça pra baixo, sacudir pra ver se são firmes mesmo e mudar caso precise).
Voltando, após esse grande parênteses, acho que a psicologia tem muito a oferecer aos sociólogos. Nem que seja pra mostrar que a vaidade humana é tão grande que as ciências isoladas passam a ser o fim e não um meio. As ciências e as não-ciências isoladas me fascinam. Juntas, se é que se juntam, não conseguem resolver problemas menores. Chegamos à lua, e PARA isso alguns milhões de indivíduos morrem de fome. Há briga por recursos, o que pode ser observado, com muita facilidade, nas Universidades. Não há um comprometimento comum, uma causa de todos, um objetivo único. E seus intelectuais sequer se dão conta disso.
Insisto, enquanto não conhecermos nossos limites, desejos, angústias e medos não avançaremos em nada. Continuaremos utilizando nossa limitadíssima visão de mundo para tentarmos afirmar nossas verdades, sem a preocupação de entendermos as outras verdades, que são infinitas, como as possibilidades da vida.
Hoje, acredito que nunca ocorrerá uma Revolução sem uma prévia ou, ao menos, concomitante Revolução do Indivíduo.