sexta-feira, outubro 28

...

Em tempos de eu, o projeto mais revolucionário do qual tenho ouvido falar é a tentativa de diálogo.

Mentirinha branca

A dor da vida (,)
Querida,
Tem cheiro de alecrim,
Que eu não conheço,
Mas sei que é assim,
Só porque diz na música
Da Adriana Partimpim.

sexta-feira, outubro 21

Educa a dor

Que ela passa
Ou apenas obedece?

quarta-feira, outubro 19

Gotículas

Você parece um anjo caído,
Que embora em terra,
Permanece no céu
Com uma maturidade infantil,
Observando meus espasmos de alegria
- Que o prático desdenharia –
Com a doçura de seu olhar juvenil
E a sapiência da sua mente adulta,
Que luta.

Mesmo sabendo que não passam de espasmos,
Me devota sorrisos dignos de outros espasmos
E me diz do fundo da sua sabedoria de criança
Que são os espasmos que nos dão a esperança
De um dia ver a Cecília e sua lambança
Ter espasmos mais freqüentes,
Que de tão recorrentes,
Deixariam de ser assim denominados.

quarta-feira, outubro 12

Suspiro

O romântico é um suicída
Tão cida
Que de tanto apontar a arma
Tomou um tiro
Sem apertar um gatilho

Tão ida
Que foi
Sem ir

Tão vida
Que morreu
De excesso

Tão cesso
Que viveu paralisado
Pelos egos super

Não cesse,
Vá,
Limite-se até o limitável
E suma quando preciso.

sexta-feira, outubro 7

Mas eu quero somar

Eu ainda não a conheço -
Sonho não vale.
E sei que mereço
Por motivos diversos.

O resto do que presto
Ainda posso raspar com uma colher
E entregar a ela.

Que coisa louca e complexa,
Viver parece um camaleão metamorfosiático
O que eu fui, sou e/ou serei,
Se confundem com o que sobrou.

É apenas uma conta de subtração.

Um tango pra vocês

Eu sei que determinada rua que eu já passei,
Não tornará a ouvir o som dos meus passos
Tem uma revista que eu guardo há muitos anos
E que nunca mais eu vou abrir
Cada vez que eu me despeço de uma pessoa
Pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela ultima vez
A morte, surda, caminha ao meu lado
E eu não sei em que esquina ela vai me beijar

Com que rosto ela virá?
Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?
Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque
Na música que eu deixei para compor amanhã?
Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro?
Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada,
E que está em algum lugar me esperando
Embora eu ainda não a conheça?

Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho
Que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida

Qual será a forma da minha morte?
Uma das tantas coisas que eu não escolhi na vida?
Existem tantas... um acidente de carro.
O coração que se recusa abater no próximo minuto
A anestesia mal aplicada.
A vida mal vivida, a ferida mal curada, a dor já envelhecida
O câncer já espalhado e ainda escondido, ou até, quem sabe
Um escorregão idiota, num dia de sol, a cabeça no meio-fio...

Oh morte, tu que es tão forte,
Que matas o gato, o rato e o homem
Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar
Que meu corpo seja cremado e que minhas cinzas alimentem a erva
E que a erva alimente outro homem como eu
Porque eu continuarei neste homem
Nos meus filhos, na palavra rude
Que eu disse para alguém que não gostava
E até no uísque que eu não terminei de beber aquela noite...

(Raul Seixas e Paulo Coelho)

terça-feira, outubro 4

Tem que ir

Com a cara amassada mesmo,
Remela no rosto,
Bunda de fora e
Descabelado,
Porque se não for, não vai.

Tem que ir.