sexta-feira, janeiro 29

caminho de casa

Não mais que um metro e meio,
coberto com um saco negro de lixo,
desnudo a todos com coragem de observá-la.

me sinto um covarde todos os dias.

contra la vida cara

hoje, o Jornal Nacional, mais uma vez, falou da Venezuela. Entrevistou pessoas no antigo supermercado francês Cassino. Chamou de governistas os que apóiam o governo, mesmo que esses nenhuma ligação, além da empatia, tenham com o governo. Falou, como sempre a direita diz, da escassa variedade de produtos que possivelmente acontecerá no supermercado estatal. Falou, pejorativamente, que o supermercado se limitará ou prievilegiará os produtos de necessidades básicas.

Esqueceu de mencionar, emboras suas câmeras não tenham ofuscado o dizer presente em todo supermercado:

Contra la vida cara.

Palavras Andantes

Temos um esplêndido passado pela frente?

Para os navegantes com desejo de vento, a memória é um ponto de partida.

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Janela sobre as Proibições

Na parede de um botequim de Madri, um cartaz avisa: proibido cantar.
Na parede do aeroporto do Rio de Janeiro, um aviso informa: É proibido brincar com os carrinhos porta-bagagem .
Ou seja: ainda existe gente que canta, ainda existe gente que brinca.

(Eduardo Galeano - Palavras Andantes)

quinta-feira, janeiro 28

mídia venezuelana

o que seria da cbn caso se recusasse a passar a voz do brasil?

e da RedeTV caso se recusasse a transmitir um discurso ministerial, pra não precisar chegar ao presidente?

e da Record se infligisse leis votadas no congresso nacional, como é o caso das tvs venezuelanas?

o direito a ter um espaço televisivo ou radiofônico, não esqueçam, é um direito concedido pelo Estado. Uma conceção estatal deve atender a interesses públicos. Será esse o interesse de uma TV golpista que mente sobre fatos no intuito de destituir um presidente eleito, reeleito, reeeleito democraticamente?

não esqueçamos que nem todas as tvs golpistas foram destituídas na Venezuela e é aí que deve residir nossa crítica. Pergunto porque a Venevision de Senderos continua intacta.

as demais que bravejam aos sete ventos clamando por democracia se aproveitam do discurso do poder do povo para atender seus interesses que nada interessam ao povo.

que sejam extintas junto com hotéis, empresas privadas e todos interesses obscuros que quando interessam clamam por democracia.

mas, camarada Chavez, não se esqueça que Venevision e Mitsubishi (MMC) também fazem parte da mesma burguesia. Por que não encarar?

Celebremos a morte da RCTV, ao menos.

e a direita mostra suas garras mais afiadas

Seria estarrecedora, se não fosse totalmente previsível, a reação da mídia brasileira ao Plano Nacional de Direitos Humanos. Enfrentar de uma só vez os militares, a igreja, o agronegócio, a grande mídia e as grandes fortunas não é uma tarefa das mais simples.

Cabe um breve apanhado do que dizem os âncoras da nossa mídia:

Hoje, Boris Casoy, do alto de seu microfone, o mais baixo da escala da mídia, fez questão de chamar de bobagens os assuntos tratados no PNDH. Entrevistou lá um jurista que estava indignado com o reconhecimento do trabalho das prostitutas. Será que o nomeado jurista, cujo nome sequer gravei, critica o que já praticou, como denunciava a poetisa Juana Inés de la Cruz no século XVII?

Alexandre Garcia estava estarrecido como um programa de governo poderia atacar os militares, os produtores rurais e os meios de informações. Como podem ser esses considerados vilões em uma só penada? pergunta o repórter. Vale lembrar que liberdade de expressão não pode ser confundida com falta de controle social dos meios de comunicação, e é exatamente disso que fala o plano.

http://www.youtube.com/watch?v=7r4bs6CrcyU&feature=related

E, por fim, o segundo maior boçal de nossa mídia (sorte dele existir o Boris Casoy), Arnaldo Jabor diz que trata-se de um programa bonito por fora e soviético por dentro. Indignado com o fato de pensarmos em julgar crimes de 40 anos atrás, indignado com os laranjais da cultrale e com a destruição da Vale e da Aracruz Celulose. Me corrijam se estiver errado, mas me parece que apenas Brasil e Uruguai não julgaram os torturadores da ditadura (não foi a toa o editorial da Folha chamando-a de Ditabranda).

http://www.youtube.com/watch?v=gO_Fdc5OP08&feature=related

É preciso agir junto com o que me parece ser a ação mais interessante até então feita nesse governo.

Voltei

Em 25 de setembro de 2003, tirando da poeira os pensamentos que atormentavam a cabeça de um jovem de 20 anos, César Guerra Chevrand com sua bela homenagem, estimulou que esse espaço fosse criado. Sete anos depois, com uma defasagem de 7 meses sem escrever, o mesmo rapaz com traços mais marcados, meu irmãozão, me fez crer que os espaços alternativos, mesmo que pouco lidos, precisam ser construídos e divulgados.

A ideologia de direita grita aos setes cantos, tentando ofuscar os interesses que estão por detrás de sua suposta neutralidade. Precisamos falar mais alto. Precisamos berrar quando falar o imbecil do Arnaldo Jabor, precisamos de um grito que ofusque suas idiotices e posturas de classe.

De forma alguma proponho que seja esse o grito-maior. É apenas o meu estímulo para voltar a escrever pra uma porção de gente, mesmo que pra um bocadinho assim, pequenininho, mas volto a escrever acreditando que a rede de gritos, permitida por essa tecnologia, tem condições de alcançar corações e mentes inquietas com a situação em que vivemos.

Quero compartilhar com vocês, meus camaradas, as questões que me tiram o sono e me abrir para as posições contrárias. Permitir rever-me é algo que tento aprender com Paulo Freire, embora reconheça meus limites diante de uma confusão de interesses que não consigo desvendar. Imagino que seja essa minha maior dificuldade para um diálogo sincero, pelo simples fato de não conseguir discernir o sincero dos interesses obscuros.

Quero permear este espaço de questões não ditas, por mais polêmicas que sejam. Quero me abrir pra pessoas queridas, mesmo que discordem, com o desejo de ser ouvido. Tenho estímulo, talvez, nos escafandristas virtuais, que venham a explorar os escritos internáuticos daqui a mil anos e capturem/vivam o amor e inquietude deixados no ar.

Serei doce e amargo, porque há doçuras e amarguras no que sinto. Penso em distintas pessoas que quero que me leiam, com a certeza que não agradarei metade delas. Preciso aprender a desagradar, embora não seja esse meu objetivo.