domingo, outubro 29

Pa!

Estive em Flori,
onde um PM me chamou de guri,
onde andei idealizando pessoas
e percebi,
que apesar das diferenças culturais,
há uma lógica regente:
a lógica dos plurais,
a lógica do amor.

Um homem de bar,
desses que quase não falam,
me mostrou,
em meio a discursos e discussões,
o imensurável amor que o rege
e me arrancou lágrima dos olhos
em um ambiente onde homens não choram.

Com olhos de quem continua aprendendo,
e guarda na profundeza dos olhos lacrimejados
a imagem da filha -
a bela Julia Gabriela -,
o homem simples de bar
externalizou a beleza de ser,
a beleza do amor,
a humanidade que o rege,
contradizendo os sabidos da vida -
normalmente com as calças acima dos umbigos -,
que gostam de teorizar sobre a natureza humana.

A natureza humana, ora pois,
pressupõe naturalidade,
e não pode ser entendida em um mundo artificialmente construído,
em que desejos são "desejosamente" manipulados.

Muita gente morre sem descobrir sua natureza,
achando natural dedicar a vida
a construir a morte,
a alimentar a artificialidade humana.

Dinheiro e poder são criações humanas,
portanto artifícios,
embora tenham se tornado fins,
que arrogantemente do lugar de onde falo,
afirmo que não levam a nenhum sentimento
perto do que tive em Flori.

No caminho,
solucei
e
exorcizei,
ao menos por um instante,
as artificialidades presentes em mim.

Vi um pouco da minha natureza,
embora hoje a artificialize com palavras -
criação humana -
a serem aprovadas.

Andei por Flori,
Chorei por Flori,
Fui, do verbo ser,
em Flori.

terça-feira, outubro 10

Da Lagoa

Se ontem fui, por que não serei amanhã o que ainda sou hoje?

De São Gabriel

Sim, tudo é certo logo que o não seja.
Amar, teimar, verificar, descrer.
Quem me dera um sossego à beira-ser
Como o que à beira-mar o olhar deseja.

(Fernando Pessoa)