sábado, junho 9

Margem

Eu vivo à beira.

Sou, ou quero ser, um ser marginal.

À margem do supostamente trivial, eu vivo.

Busco a diferença em tortuosos e já conhecidos caminhos.

Nada de novo.

Eu sou uma inovação do velho.

Tento me diferenciar por uma neurose já conhecida,

por uma incesante mania de ser mais,

que quanto mais quer ser, menos é.

Experimento o sonho em dias reais.

Tenho os amigos dos momentos certos,

embora em certos momentos eles não existam.

Choro com filmes sobre humanos,

me emociono com os equívocos de ser.

Sou e esqueço que sou em dias cinzas.

Tenho pequenas emoções que me fazem sentir grande.

Tenho grandes descompassos que me fazem sentir pequeno.

Eu quero ter filhas.

Sonho com a continuidade da vida,

mesmo que marginal.

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