sexta-feira, novembro 21

Poema da Lata

A história vivida, contada, encantada, virou sonho.

O sonho vivido, sentido, narrado, virou história.

História e sonho se confundem em outros sonhos e histórias.

Sonho e história fazem nova história e despertam novos sonhos.


Os valores que possuía o sobrevivente da guerra urbana,

Remanescente do que dizem ser a primeira favela brasileira,

Impressionavam o jovem de olhos miúdos,

Que atento às suas histórias e causos,

Energizou suas esperanças de transformação.


Ouviu, sentiu, aguardou o seu retorno,

Quando não esperava mais o reencontro,

Surpreendeu-se com o inimaginável,

Com o desprendimento material de quem nada tem.


Percebeu que mesmo na pobreza,

Quiçá miséria,

Há espaço para valores distintos,

Para entender que há questões que valem mais,

E obviamente isso não provém da miséria.


No dia posterior, com o sentimento à flor da pele,

Relatou para os companheiros que quer ver na mudança pretendida,

Todo o sentimento ali vivido,

Buscava eco.


Como não se controla o que daí resulta,

A história vivida, contada, encantada, virou sonho.

O sonho vivido, sentido, narrado, virou história.

História e sonho se confundem em outros sonhos e histórias.

Sonho e história fazem nova história e despertam novos sonhos.


O homem de valores, roupa preta, pai,

Catador de latas,

Virou sonho.


(Marcelo Ribeiro e Flávio Chedid)

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