domingo, abril 10

Hoje eu queria ser uma música

Hoje eu queria ser uma música, sabe? Daquelas bonitas, fortes, que fazem você chorar sem saber o porquê. Daquelas que sem entender a letra, você sabe o que quer dizer. Não precisa ser complexa. Letra simples, inteligível ou não, e melodia simples. Eu tenho a impressão de que as músicas, por mais tristes que sejam, não sofrem. As músicas não sofrem. Hoje eu queria ser uma música. Queria poder causar sentimentos diversos nas pessoas sem sofrer as conseqüências, sabe?

Egoísta? Sim, sim, muito. Eu e as músicas. As músicas são muito egoístas e ninguém cobra nada delas. Muito menos elas mesmas, músicas não têm superego.

Então, queria ser uma música pra poder ser egoísta sem que me cobrassem nada. Ou melhor, sem que me cobrássemos nada. Ficou claro isso? Acho que não, mas as músicas também não têm essa preocupação, não precisam ser claras, podem ser escuras também. A vida de música é muito boa, cara. Elas não precisam trabalhar, não precisam ser complexas, não têm superego, podem ser egoístas, escuras e ainda por cima ninguém cobra nada delas. Hoje eu queria ser uma música e não me preocupar com as interpretações. Ninguém culpa uma música por ter interpretado algo. No máximo o compositor, mas a música fica lá, intocada. Porra, vida de música é muito boa.

Hoje eu queria ser uma música, mas não uma música de um compositor só, sabe? Queria ser uma música composta por muita gente, porque essas músicas de um pai ou mãe só são muito mimadas.

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