segunda-feira, julho 25

Queria que tudo

Tudo que queria era apenas um pouco mais de calma pra levar a vida. Levá-la com a leveza merecida - para ele também -, mas nem sempre possível. E quando pensava dessa maneira, ficava filosofando e teorizando tudo acerca do possível. O que é possível? Chegava a conclusão de que se desejava e não conseguia é porque não era possível. Depois pensava que esse pensamento era apenas mais uma forma de simplificar as coisas, reduzir a discussão, uma forma de pensar menos, porque pensar era, por vezes, o que mais o atormentava.

Tudo que queria era um pouco menos de angústia pra levar os dias. Levá-los com o sossego merecido – para ele apenas -, mas isso nem sempre era possível. Porque ao pensar dessa maneira, se angustiava. Ficava angustiado e ansioso esperando o dia que não seria mais angustiado e ansioso. Chegava a conclusão que a melhor coisa a fazer era se permitir ser angustiado e ansioso, porque assim, ficava angustiado e ansioso uma vez só. Depois pensava que essa era apenas mais uma de suas preguiças, tinha preguiça de deixar de ser angustiado.

Tudo que queria era um pouco mais de paz. Lera por aí que a dor é inevitável, mas que o sofrimento é opcional. Queria poder optar, mas será que não o fazia por preguiça também? Ou seria uma questão ancestral, mal resolvida, psicanálitica, uma dessas coisas que acontecem quando a sua mãe não te deixar chupar o dedo do pé quando se tem apenas alguns meses de vida?

Tudo que queria era parar com essa mania-doida-de-gente de querer explicação pra tudo e levar a vida (e não que ela o levasse), com calma, leveza e paz. Não, nem tanto vai, com um pouco mais de calma, leveza e paz (percebam a diferença). Ou com um pouco menos de atormento (diferente de sem atormento), porque sem um tiquinho disso ia ficar chato também.

Tudo que queria era escrever, seja lá o que fosse, pra soltar o que nem sabia se era o que estava sentindo.

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